Peguei minha agulha que mergulha,No tecido da alma que debulha os prantos,
Meus pontos, encantos e desencantos,
Com o tempo vamos ganhando habilidades,
Percebi um nó apertado e difícil de desfazer,
A linha que antes deslizava agora interditada,
Sabia que teria que treinar a paciência,
Entender que tem nó de difícil remoção,
Tem momentos que precisamos mudar a linha,
Para continuar costurando nossa trajetória,
Peguei as multicores quis bordar o amor,
As mãos trêmulas e os pontos rebuscados,
Seria o amor assim tão complicado?
Costurei em linhas retas e diretas,
O tecido fora todo preenchido, contestou,
Exigia linhas curvas e zigue-zague,
Bordei em aspirais, descobri as simetrias,
As curvas sinuosas exige firmeza no traço,
Em meio a tantos pontos e conta pontos,
Percebi a fragilidade das linhas,
Que não adianta querer traçar um desenho,
Em linhas quebradiças ou com nó,
Liberei a imaginação, soltei a emoção,
A agulha saltitante bordou um coração,
Preenchi com as linhas do amor,
Que na sua caminhada livre e solta,
Faz verdadeiras obras de artes consagradas,
Descobri que não há como representar o amor,
Cada agulha é mágica, cada momento é único,Não preciso seguir os arremates requintados,
Agora com um desenho livre, achei os desfechos,
Como controlar as linhas do coração marchetado?
Um traço invisível e imaginário na proporção,
Melhor segui a voz da intuição em ebulição,
Pois nas emoções não há ponto final,
Há um sinal vital, atual ou até banal,
Nem algo pontual, apenas uma vontade de amar.
Marta Paes
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